segunda-feira, 29 de abril de 2013

Soberbo - MQ

Por toda água que corre sem rios ou mares
Por todos os soldados que partem para a guerra
Por todo o dinheiro do Mundo,
Era capaz de sonhar, de amar, de voar, de vencer
 
Por todos os beijos, carinhos e abraços
Por todas as palavras faladas, escritas ou gritadas
Por todo o sol que nos aquece,
Era capaz de viajar, de navegar, de descobrir
 
Por toda a ironia e segredos da vida
Por todos os caminhos, cidades barulhentas e campos em flor
Por toda a fama e glória
Era capaz de fugir, escapar ou enfrentar o touro pelos cornos
 
Por todas a mentiras nunca antes inventadas
Por todas as verdades, legiões ou religiões
Por todo o transito a caminho de casa
Era capaz de pegar em mim e dormir até amanhã
 
Sou capaz de me levantar da cama, do chão, bem cedo
Ir gritar para outra freguesia, ir amar outra mulher
Sou capaz de me deixar dominar pelo medo de falhar
Ir sonhar outros sonhos de menino, outras mentiras
 
Sou capaz de desistir ou talvez não, esperar pelo amanhã
Ir desta para melhor, ou pior, nunca ninguém me explicou
Sou capaz de acabar e começar de novo, ou simplesmente nem recomeçar
Ir até onde só vão os que têm coragem de deixar tudo em desassossego



Soberbo by MQ

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Uma noite de Verão (ou talvez Inverno) - MQ

Foi-se o orgulho em forma de desenho, vestido de poema
Perdeu-se a liberdade, essa louca mentirosa que até já mete pena
Desistiu o dia que demorou a chegar, rasgado e amordaçado da sua essência
Fugiu e não valeu a pena o tempo, nem a vergonha, muito menos a paciência
 
Farto de escrever sobre as portas que estavam fechadas o poeta chorou
Louco e desesperado correu sem destino, o futuro que para trás ficou
Sentiu o fim nas veias, no peito manchado de erros desertos de certeza
De joelhos rezou por um novo principio, por algo auspicioso banhado de beleza
 
Foi-se o abstrato apaixonado pelos fantasmas embriagados de razão
Perdeu-se a dignidade, cedeu sem ter vontade, ruiu sem ter tesão
Desistiu de ser nobre, essa mentira coroada de espinhos
Fugiu pelas ruas à procura do fim, sem horizonte, por infinitos caminhos
 
Aquela melodia do vazio entranhou-se no mais fundo profundo
Nada mais existia a não ser o som e o ruído infernal do abismo do mundo
Acordou sem sentidos e aos poucos e poucos recuperou a consciência
Foi tudo um sonho mau ou bom, não sabia ajuizar, talvez seja demência
 
Da posição fetal passou a estar sentado, numa rapidez sobre-humana
Custava-lhe raciocinar, os vapores do sonho, a ansiedade insana
Levantou-se devagar sobre os pés, o cérebro e as pernas em estado dormente
Procurou a luz, finalmente alguma cor real, voltar ao estado inocente
 
Aqueles primeiros passos simples mas incertos, desesperadamente errantes
Com a luminosidade artificial tudo ficou pior, estupidamente sufocantes
De novo a escuridão, por favor, urgente como um copo cheio
Tentar adormecer, em esforço, a rezar baixinho, um sonho que ficou a meio
 
 
Uma noite de Verão (ou talvez Inverno) by MQ

sábado, 23 de março de 2013

Primavera - MQ

 
Sentado no jardim, junto à estrada, espero a Primavera
Espero pelo que não sei e nem quero adivinhar
Escondo o rosto com a palma das mãos e respiro fundo como quem desespera
Faltas-me tanto, falta-me a vida, falta-me o ar
 
Uma saudade de ser menino, das velhas canções de amor
Dos serões passados em abraços espinhosos e lágrimas ao partir
Dos sonhos inquietos, das noites mal passadas de calor
Do teu leito assombrado de ansiedade, do medo de cair
 
Tenho uma vontade imensa de fugir, com fulgor, em direcção ao vazio
Queria perder-me novamente no eco do teu abraço
Desejo tanto partir de novo em busca do caminho, uma montanha, talvez um rio
Queria perder-me novamente na pureza do teu regaço
 
Sentado no jardim, junto à estrada, espero e quase adormeço
Vou seguindo a vida com os olhos como quem vê passar um navio
Já não me recordo quem fui, desta vida me despeço
Vou percorrendo a estrada, fumo um cigarro, visto o casaco, tenho frio


Primavera by MQ

quinta-feira, 14 de março de 2013

Os Subterrâneos - Jack Kerouac

Já ninguém escreve assim! Já ninguém consegue usar e abusar das palavas, como se fossem um prolongamento da alma ou coisa que o valha.

Acabei neste momento preciso e precioso de ler “Os Subterrâneos” do vagabundo cavaleiro criador, Jack Kerouac e sinto-me completamente inebriado e enevoado.
 
Não sei o que pensar do que acabei de ler. Não consigo articular correctamente os pensamentos. Sinto-me completamente dormente e fascinado.

Não, não é a primeira vez que leio Jack Kerouac! Mas é a primeira vez que leio uma coisa assim!

Este livro foi escrito em três noites seguidas e como combustível o Pai da beat generation usou álcool e comprimidos de benzedrina. O resultado está a vista e é impossível ficar indiferente à forma como nos é contada uma invulgar história de amor entre Leo (Kerouac) e Mardou.

Uma enxurrada de frases, pensamentos e improvisos ao bom estilo bop do Jazz dos anos cinquenta, no contexto único da geração literária subterrânea do pós-guerra.

Impossível de classificar. Só lendo e, ao terminar, fechar o livro e dizer: “Foda-se, este gajo é brilhante”. Depois é deixar a energia sair dos poros como transpiração e voltar ao mundo real.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Na Outra Margem, Entre as Àrvores - Ernest Hemingway

De romance a grande romance vai uma distância gigante. Apenas os mestres ou os grandes génios da literatura conseguem conceber duma só vez um livro para a eternidade.

Ernest Miller Hemingway é um exemplo dessa grandiosidade e magia e, por muito mal amado e criticado que tenha sido como homem, deixará uma obra singular como escritor para as gerações futuras.

“Across the River and into the Trees” é infeliz e estupidamente um dos livros mais criticados de Papa Hemingway, no entanto, após duas tardes bem passadas na sua companhia, achei impossível não admirar a pureza e crueza da sua escrita. Ontem, hoje e amanhã.

Uma dessas tardes foi há onze anos atrás, em pleno verão. Uma esplanada, logo a seguir ao almoço, sol escaldante e gin tónico. Algumas horas depois fechei o livro, olhei fixamente um ponto perdido no meu horizonte, deixei-me levar pela brisa do fim de tarde e sonhei com Veneza.

Há duas semanas atrás, a curar o cansaço de uma semana de trabalho, decidi reler este romance (nunca vou conseguir explicar porquê). Desta vez na esplanada da Mexicana, num Sábado à tarde, onde me perdi de novo a recordar e folhear as páginas que descrevem as últimas horas da vida do Coronel Richard Cantwell. Como se fosse a primeira vez.

Quando terminei a jornada de reler esta obra prima maldita e injustiçada apeteceu-me deitar-me num trilho de terra batida e adormecer, esquecer-me de tudo, em paz, na outra margem, entre as árvores.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

The Sessions

Baseado em factos reais, nomeadamente nos últimos anos de vida do poeta e jornalista Mark O'Brien, que está paralisado do pescoço para baixo, devido ao facto de ter sofrido de Polio na sua juventude, The Sessions prova que um filme, ou melhor, um grande filme, pode viver essencialmente das grandes interpretações dos seus actores.

Este drama não tem um grande argumento, requintada fotografia ou pós produção. É fruto de um orçamento curto e independente e é dirigido por um realizador inexperiente.

Como poderão comprovar usa unicamente da versatilidade e genialidade de John Hawkes, Helen Hunt e William H. Macy.

The sessions conta-nos a história simples de um homem que luta diariamente contra a impossibilidade de uma vida comum. Quase totalmente paralisado Mark, que nunca teve relações sexuais, contrata uma especialista que o guia tranquilamente aos prazeres físicos básicos do ser humano mortal.

Aquilo que começa por ser uma relação estritamente profissional e fria acaba por se transformar em algo puro, imortal e poético.
 
Nota 5

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Casta Sinceridade - MQ

Ás vezes a sinceridade é uma mentirosa, apesar de formosa
É uma libertina, uma vadia, uma flor espinhosa
Ás vezes não quer nada com a verdade, quer dançar e fugir para longe
Perde-se pelas noites de luxúria, como a de ontem, como a de hoje

Certo dia a sinceridade fugiu de mão dada com a crueldade
Casaram-se e tiveram uma ninhada de filhos perfeitos de vaidade
Viveram para sempre numa casa de madeira à beira praia
Uma casta existência, tão branca que cega, tão pura como água

Partiu com um sorriso nos lábios doces e com o longo cabelo molhado de encanto
Lágrimas frias do Inverno ainda criança, escondendo o rosto embaraçado num pranto

Fechou-me todas a portas, uma esperança alarve e cínica de menino
Derrubou-me os muros do futuro e antecipou-me o destino

A luz da Grande Lua desapareceu para o parapeito da tua janela
Apagou-se ao tentar sobreviver para além dela, ao tentar esquecê-la

A verdade foi com ela também, deixando-me louco, deixando-me no eco sem fé

Depois, veio o vazio e a festa até…



Casta Sinceridade by MQ

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O Ano Sabático – João Tordo

João Tordo em 2013 regressa em grande forma. Um romance que o faz regressar ao seu estilo único que lhe valeu no passado a honra do prémio Saramago (2009).

“O Ano Sabático” é um livro fabuloso com uma história estimulante e bem contada. Um circulo imperfeito, tal e qual como a vida.
 
João Tordo debruça-se sobre a procura incessante da essência humana e brilha como brilhou com as “3 Vidas” ou “Hotel Memória”.  A solidão e a obsessão como forma de nos encontrarmos como homens, como seres mortais e imperfeitos.

Os caminhos de Hugo e Luís Stockman cruzam-se no início e no fim das suas vidas e assombram-nos com a sinceridade bizarra das suas existências. O absurdo está sempre presente como um presente do deuses  e, tal como um dia o grande Vergílio Ferreira sublinhou por outras palavras, difíceis de citar ou proferir, se a vida humana não fosse absurda não era humana.

A maturidade deste jovem escritor é assustadora, assim como o seu poder de criação. De um momento para o outro (re)criou um estilo que estava ausente no panorama literário português e agora parte em busca do sucesso inigualável.

Muitos sublinhavam o seu talento na criação de enredos e personagens (brilhante, a meu ver, neste último romance) e ao mesmo tempo criticavam-no por ter uma escrita juvenil, de construção demasiado rudimentar, excessivamentee adolescente para se tornar Grande. A esses críticos cínicos e cépticos apresento o “O Ano Sabático”.

Para os amantes de bons livros.

Nota 5


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Wish you were here - Pink Floyd

So, so you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue sky's from pain.
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?

And did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
And did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?

How I wish, how I wish you were here.
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
And how we found
The same old fears.
Wish you were here.

by David Gilmour & Roger Waters

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Bowery Blues - Jack Kerouac

The story of man
Makes me sick
Inside, outside,
I don't know why
Something so conditional
And all talk
Should hurt me so.

I am hurt
I am scared
I want to live
I want to die
I don't know
Where to turn
In the Void
And when
To cut
Out

For no Church told me
No Guru holds me
No advice
Just stone
Of New York
And on the cafeteria
We hear
The saxophone
O dead Ruby
Died of Shot
In Thirty Two,
Sounding like old times
And de bombed
Empty decapitated
Murder by the clock.

And I see Shadows
Dancing into Doom
In love, holding
TIght the lovely asses
Of the little girls
In love with sex
Showing themselves
In white undergarments
At elevated windows
Hoping for the Worst.

I can't take it
Anymore
If I can't hold
My little behind
To me in my room

Then it's goodbye
Sangsara
For me
Besides
Girls aren't as good
As they look
And Samadhi
Is better
Than you think
When it starts in
Hitting your head
In with Buzz
Of glittergold
Heaven's Angels
Wailing

Saying

We've been waiting for you
Since Morning, Jack
Why were you so long
Dallying in the sooty room?
This transcendental Brilliance
Is the better part
(of Nothingness
I sing)

Okay.
Quit.
Mad.
Stop.

"Bowery Blues" by Jack Kerouac

domingo, 27 de janeiro de 2013

The Impossible

O Tsunami que atingiu o Sul da Ásia em 2004 e deixou todo o mundo em choque, não só pelas imagens de destruição e violência de um dos desastres naturais mais ferozes da história, mas também pelo caos que provocou e as vidas que ceifou.

Este filme do jovem realizador Juan Antonio Bayona não só é um tributo ás vitimas ou ás famílias das vitimas, mas também aos que passaram pela destruição e sobreviveram, marcados pela dor, pelo desespero e pela esperança perpétua de encontrar alguém entre as ruínas.

"The Impossible" conta-nos a história de uma família partida a meio pela desordem provocada pelo monstro que veio do mar a 26 de Dezembro de 2004 nas Ilhas Phuket.
 
Em muitas partes do filme dá-me a sensação que o objetivo é o choque, o drama desmedido a puxar para o sensacionalista. Por este motivo acho-o chocante e duro de assistir sem pestanejar.
 
Ultra-realista e brutal, dramático ao pormenor, mas, apesar de tudo, verdadeiro e autêntico. Concordo que a melhor forma de mostrar uma tragédia no cinema é arrebatar o espectador com a violência da vida real.

Excelente desempenho de Naomi Watts, que lhe vale a nomeação para o Óscar de melhor actriz em 2013.

Nota 4

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Zero Dark Thirty

Durante vários anos tornou-se um hobbie meu tentar perceber as origens  e intenções dos homens ou personagens causadoras do atentado terrorista mais noticiado e conhecido de sempre.

Dediquei-me desde o 11 de Setembro de 2001, quando ainda era um jovem estudante universitário, a informar-me sobre a história, a ideologia, as crenças, os objectivos, as motivações de homens como Osama bin Laden, Ayman al-Zawahiri, Khalid Sheikh Mohammed, Abu Faraj al-Libi, Atiyah Abd al-Rahman, ou mesmo o pai ideológico da Al-Qaeda, Sayyid Qutb.

Alguns anos mais tarde, nomeadamente  em Maio de 2012, soube da noticia da morte de bin Laden, que encerrou um ciclo de pesquisa de informação de muitas horas esquecidas de livros, jornais, internet, vídeos, fóruns, televisão e cinema.

Foi com enorme entusiasmo que em 2013, mais exactamente na semana passada, que assisti à estreia em Portugal de “Zero Dark Thirty”, filme que retrata, de forma perfeitamente documentada, os anos de perseguição ao terrorista mais re(conhecido) da história, assim como a missão dos Navy SEAL que levou à sua captura, morte e reconhecimento.

Filme explosivo, de uma realidade crua e documental. A caça ao homem no pós 11 de Setembro levada a cabo pela CIA na Arábia Saudita, no Afeganistão, no Kuwait, e no Paquistão.

Esta peça, fantasticamente realizada e dirigida pela mão de Kathryn Bigelow (The Hurt Locker) centra-se na obsessão de uma agente da CIA, de nome “Maya” (Jessica Chastain), como o véu que separa a realidade da aparência, em seguir, contra tudo e contra todos, a pista de Abu Ahmed al-Kuwaiti, um dos principais “correios” do líder da Al-Qaeda.

Falsas pistas, centenas de mortes, milhões de dólares, duas guerras e onze anos depois, a CIA encontra um bizarro complexo de habitação na cidade de Abbottabad, a 50 km da capital paquistanesa, Islamabad. Ai está refugiado Osama bin Laden.  Pela noite dentro é executado.

Grande obra do cinema contemporâneo e um marco do cinema norte-americano. Merece papel de destaque nos Óscares da Academia de 2013 e é um favorito a Melhor Filme.

Nota 5

domingo, 20 de janeiro de 2013

Amour

Anna e Georges são um casal octogenário, professores de música na reforma, cultos e instruídos. De um momento para outro Anna sofre um AVC e fica paralisada do lado direito, levando a relação do casal a um extremo nunca vivido que os vai por à prova nos últimos dias das suas vidas.

A realidade de “Amour” é um soco no estômago. O silêncio ensurdecedor que habita a solidão de cada cena é arrepiante e ao mesmo tempo cândido e doce, de um carinho extremo.

A pureza e a fraqueza da condição humana estão presentes em todos os gestos, todas as personagens, sejam centrais ou secundárias.

Nunca um filme conseguiu retratar com tanta sinceridade a complexidade do sentido da existência e resumi-la ao nada. Ao nada que somos. Um nada que é tudo. A melodia de um grito de dor. Um nada tão profundo e ao mesmo tempo tão simples e rudimentar como o Amor que já não existe.
 
Palma de Ouro em Cannes e nomeado para os Óscares da Academia nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Filme.
 
Na minha opinião, provavelmente o filme do Ano. Para a posterioridade. Único.
 
Nota  5

sábado, 19 de janeiro de 2013

Argo


Durante a crise de reféns de Teerão, Irão, em 1979, um grupo de seis americanos conseguiu fugir da Embaixada Americana na capital iraniana e exiliar-se em segredo na residência oficial do embaixador canadiano no Irão.
 
Todos os dias são vividos como o último quando as forças militares percebem que alguns funcionários diplomáticos conseguiram evadir-se durante a fatídica ocupação de 4 de Novembro. É necessário tirá-los do país mas as opções são escassas e os planos mirabolantes.
 
É exactamente com base num plano excêntrico, com base na falsa produção, realização e filmagem de um filme de ficção científica intitulado “Argo” que leva o agente da CIA Tony Mendez (Ben Affleck), a encapotar uma operação de resgate, mascarando os seis americanos de membros de uma equipe de filmagem canadiana.
 
Passado num clima de intensidade politica  sem paralelos “Argo” é a confirmação do grande talento de Affleck na realização depois de “Gone Baby Gone” e “The Town”.
 
Estamos na presença de um grande filme, extremamente estimulante, que retrata uma das missões mais arriscadas da história da inteligência/espionagem norte americana. Continua a ser um exemplo  das excelentes relações diplomáticas entre os Estados Unidos da América e o Canadá.

“Argo” está nomeado para Melhor Filme para os Óscares da Academia em 2013, depois de já ter abarcado o Golden Globe nas categorias de Melhor Realizador e Melhor Filme – Drama.
 
Nota 5


sábado, 12 de janeiro de 2013

Eduardo Mendoza – Rixa de Gatos

Á beira do precipício da guerra mais fratricida de todas,  Anthony Whitelands, académico, perito de Arte Espanhola do século XVII e cidadão inglês, visita Madrid para avaliar a colecção de arte de uma família aristocrata espanhola, amiga do chefe falangista, José António Primo de Rivera.

Whitelands acaba por ficar em Madrid por mais tempo do que desejava e assiste em tribuna privilegiada aos últimos dias da República espanhola, a comícios políticos da Falange, à realidade proletária perfidamente aproveitada pela “Revolução de Outubro” e os seus cavaleiros bolcheviques.

Durante a sua estadia vê-se entrelaçado e preso numa teia de intrigas políticas, históricas e amorosas, numa tragédia pintada pelo pincel do grande Velasquez e narrada por um grande romancista.

Um fresco formidável de uma Espanha em estranho período de pré-guerra, principalmente do expositivo pormenorizado da linguagem e dos costumes de uma época à espera de se desmoronar para nunca mais voltar a ser.

Uma escrita fulgurosa, de uma beleza indescritível, desenrola com tinta e pena acontecimentos turbulentos de um País desesperado, entre a espada e a parede. A guerra que inaugurou a luta de ideologias que marca o século XX. A Guerra Civil Espanhola.

Mendoza tem um dom extraordinário. Conta histórias dentro da história. Não é o habitual romance histórico mundano. É algo de muito especial. Como um livro dentro de um livro.

Nota 5

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A Primavera há-de chegar, Bandini - John Fante

Este romance do pouco conhecido e reconhecido John Fante é o início da trilogia Bandini, que o tornou, na minha opinião, num dos ícones da literatura pós lost generation, conta-nos os primeiros anos de vida de Arturo Bandini, personagem principal do romance "Pergunta ao pó", que já tive oportunidade de aqui vos presentear e sugerir.

Poucos autores conseguem retratar as assimetrias sociais da América do início de século ou mesmo as realidades distorcidas e disfuncionais das classes baixas e altas do período da Grande Depressão, nomeadamente as consequências dos fluxos de imigração de famílias italianas que Inundaram o Novo Continente nos princípios do século XX.

A história de uma família pobre e desenraizada. Um pai que sustenta uma Mãe e três filhos. A religiosidade extrema como pano de fundo, o quotidiano, as crenças, os vícios e as virtudes de gente humilde.

O pecado do adultério ali à porta, como um corvo que espreita nas madrugadas de vazio, regadas e esmagadas pela neve de um inverno infernal.

O perdão, a redenção, a procura de uma moral nova e o nascer de um sonho. Um eco de dias que se avizinham. Uma continuidade repetida mas ansiosamente esperada.

Um belo livro de um grande romancista contemporâneo. Mais uma vez lê-se demasiado rápido e ficamos com a sensação que algo de novo começou a nascer dentro de nós.
 
Nota 5

domingo, 6 de janeiro de 2013

Dentro do Segredo - José Luís Peixoto

Fruto da maturidade literária de José Luís Peixoto, "Dentro do Segredo, Uma viagem à Coreia do Norte", não é o puro livro de viagens a que Paul Theroux ou Bruce Chatwin nos habituaram.

Este livro é o principio, o meio e o fim de algo especial, a tentativa de um Homem demonstrar aos outros homens os limites da verdade, o segredo que todos temos dentro de nós, fruto da solidão humana e da necessidade de afirmação perante a espécie.

A Coreia do Norte é a analogia perfeita. É o regime totalitário mais fechado do mundo. É um país construído em torno da fachada da propaganda e do culto da personalidade dos lideres do passado e do presente.

É uma nação que nasce e sobrevive do medo recalcado da sua história e do seu futuro. É um case study.
Um regime totalitário politico, económico, cultural e espiritual. Uma grande mentira, mascarada de grande verdade.

Com cartas dadas na ficção e na poesia, Peixoto abre a Caixa de Pandora e expõe, pondo em causa a sua própria vida, aquilo que está para lá do espelho, para lá do segredo.

Nota 5

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Votem no Dinis

Boa Noite,

este é o pequeno Dinis, um menino muito especial, filho de uma amiga minha. Gostava de aproveitar o meu blogue para vos pedir que votem diariamente (não custa nada - são 10 segundos) para que ele ganhe o primeiro prémio de 700.00 Euros do concurso MyTimberland.

A votação acaba no dia 6-1-2013 por isso não percam tempo e toca a votar (cada utilizador do Facebook pode e deve votar uma vez por dia) e o endereço é http://www.mytimberland.pt/website/galeria.php?detail=2367.

PS: Não basta fazer “Gosto” ou partilhar: TÊM MESMO DE VOTAR E AGUARDAR CONFIRMAÇÃO DO VOTO.

Abraços